Tem tudo a ver com a minha tese...
As maiores dificuldades para inovar costumam envolver o aporte financeiro que as empresas, especialmente as menores, não dispõem, diz Roberto Nicolsky, diretor geral da PROTEC
Muita gente acredita que inovar é criar algo inteiramente novo, que brota do nada. Uma rápida consulta no dicionário nos mostra, no entanto, que a inovação pode ser o movimento de agregar um conhecimento corrente para aperfeiçoar o que já existe; ou criar novos métodos e funcionalidades capazes de melhorar a competitividade de empresas e produtos no mercado. Segundo o Índice Global de Inovação (2004-2008), do jornal britânico The Economist, o Brasil é apenas o 49º colocado em um ranking de inovação composto por 82 países, posicionando-se atrás de emergentes como Argentina (42º) e México (48º). Para especialistas, questões relacionadas à gestão e à falta de recursos aplicados em pesquisa podem ser os principais obstáculos para que a cultura inovadora brasileira, hoje incipiente, floresça.
O Índice Global de Inovação leva em conta o número de patentes registradas nos Estados Unidos (EUA), Europa e Japão e tem o Japão, seguido por Suíça, Finlândia e EUA nas primeiras posições. A China subiu da 59ª para 54ª posição e a Índia saltou da 58ª para a 56ª. Para o próximo período (2009-2013), a previsão é de que o Brasil deverá se manter em sua colocação, enquanto os dois países asiáticos devem galgar novos postos.
Medindo a inovação
Publicações científicas e patentes costumam ser realmente referências mundiais para medir o grau de inovação de um país. Para especialistas brasileiros, no entanto, a avaliação não favorece o Brasil. "São poucos os empreendedores em condições de fazer pesquisas de mercado, o que dirá patentes. Os custos são altos, ainda mais as internacionais", diz Rex Nazaré, diretor de Tecnologia da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Nazaré admite que a falta de verba é a principal dificuldade dos empreendedores, que percorrem quatro etapas bem definidas entre a concepção da ideia e sua posterior comercialização. A primeira é a identificação de uma demanda, seja ela de um nicho de mercado ou dos consumidores. Depois vem o desenvolvimento tecnológico, que é a transformação da inovação em algo operacional. A seguir vem a validação, que normalmente redunda na produção de um protótipo. É nessa fase que o empresário opta, ou não, pela patente. Por fim, chega-se à chamada engenharização, em que o produto passa a ser finalmente produzido em larga escala.
"Todos os passos são importantes e devem ser feitos de forma contínua. As maiores dificuldades costumam aparecer na segunda etapa, pois em muitos casos envolve um aporte financeiro que as empresas, especialmente as menores, não dispõem", diz Roberto Nicolsky, diretor geral da Sociedade Brasileira Pró-inovação Tecnológica (PROTEC). "Quanto maior for o agregado tecnológico da inovação, mais caro e difícil será transformá-la em realidade, pois a competitividade é mais intensa", completa Nazaré.
Recursos
A falta de recursos pode ser vencida com criatividade, ajuda familiar, empréstimos e subvenções (empréstimos não-reembolsáveis) junto a agências de fomento ou ainda via investidores. "Muitas das vezes tudo começa com recursos próprios e ajuda familiar, mas chega um momento em que só isso não basta", diz Luiz Antonio Coelho, superintendente da área de Financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Referência no País no incentivo à inovação, a Finep já liberou mais de R$ 1,106 bilhão em subvenção desde 2006, quando foi lançado o Programa de Subvenção - o valor não contabiliza o orçamento de 2009, em que estão previstos R$ 450 milhões. Além disso, a agência também concede empréstimos com juros mais baixos do que os do mercado. Em 2008, foi R$ 1,6 milhão e, este ano foram R$ 3,4 milhões até julho. Todos os projetos são submetidos a uma seleção, obedecendo a um edital.
"O mais importante durante a seleção é o business plan. A partir dele diagnosticamos se o empresário quer ser pequeno para sempre, ou quer viver de esperar pela próxima subvenção, o que nos leva a descartá-lo. Vemos a gestão do negócio como um dos obstáculos. Falta capacitação", diz Coelho. O executivo reconhece que os órgãos de financiamento são incapazes de atender a todos. "Por conta disso, muitos projetos deixam de se tornar realidade. Às vezes, vale a pena vender a ideia para um player com condições de desenvolvê-la", diz.
Há 8 horas
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